(Foto retirada do site: www.educacao.pr.gov.br)

Há algo profundamente inquietante acontecendo em nosso país. Um silêncio que cresce nas salas de aula, nos laboratórios, nos corredores das universidades. Um vazio que se instala onde antes pulsava o desejo de transformar o mundo com cálculos, projetos e ideias. A Engenharia brasileira está em queda — e com ela, caem também muitos dos sonhos que poderiam construir pontes, cidades, soluções e esperanças.

 


O RETRATO DA CRISE

Entre 2015 e 2023, perdemos mais de 350 mil estudantes de Engenharia. Cursos como Engenharia Civil, outrora símbolo de progresso, viram suas turmas se esvaziarem pela metade. E isso num país que já enfrenta um déficit de 75 mil engenheiros — profissionais essenciais para infraestrutura, energia, tecnologia e mobilidade.

Mas os números, por mais alarmantes que sejam, não contam tudo. Por trás deles estão jovens que desistiram antes mesmo de começar. Estudantes que não se sentiram capazes, que não se viram pertencentes, que não encontraram inspiração. E isso dói. Dói porque sabemos que o Brasil tem talento. O que falta é oportunidade, acolhimento, visão.

Por que nossos jovens não escolhem Engenharia?

A resposta é complexa, mas dolorosamente clara:- A matemática, base da Engenharia, ainda é um obstáculo para muitos. No Pisa 2022, 73% dos jovens brasileiros ficaram abaixo do nível esperado.
– A crise econômica e a desindustrialização tornaram a carreira menos atrativa.
– Os currículos, muitas vezes distantes da inovação, não dialogam com os sonhos dos estudantes.
– E a expansão do ensino a distância em áreas práticas fragilizou a formação técnica.

O MEC começa a reagir
Felizmente, há sinais de mudança. O Ministério da Educação iniciou uma reformulação nos cursos de Engenharia, com medidas importantes: suspensão de novos cursos 100% EaD, avaliação rigorosa de infraestrutura e atualização das diretrizes curriculares. É um passo. Mas não basta.

Despertando Sonhos: quando a Engenharia encontra o coração

Foi diante desse cenário que nasceu o Projeto “Despertando Sonhos”, do Instituto Renato Muzzolon (IRMZ) e profissionais apaixonados por Engenharia, Agronomia e Geociências.
Esse projeto não é apenas uma iniciativa educacional. É um movimento de reencontro. De escuta. De inspiração.
Nas escolas de Curitiba, temos olhado nos olhos dos jovens e dito: “Você pode”. Temos mostrado que Engenharia não é só cálculo — é transformação. Que Geociências não são só mapas — são caminhos. Que a técnica, quando guiada pelo propósito, pode mudar o mundo.
O “Despertando Sonhos” conecta teoria e prática, mas acima de tudo, conecta pessoas aos seus potenciais. Desperta vocações. E planta sementes de futuro.


O papel de todos nós

Se queremos reverter essa queda, precisamos unir forças:
– Fortalecer a educação básica, com foco em matemática e ciências.
– Criar parcerias público-privadas para ampliar estágios e bolsas.
– Incentivar projetos como o nosso, que levam a Engenharia para dentro das escolas, para perto dos sonhos.

Mais que números, é sobre vidas

A queda nas matrículas em Engenharia é um alerta. Mas também é uma oportunidade. O Projeto “Despertando Sonhos” mostra que é possível reacender a chama da curiosidade, da coragem, da construção.
Investir nesses jovens é mais do que formar profissionais. É formar cidadãos capazes de imaginar e realizar um Brasil mais justo, inteligente e sustentável.
Porque quando despertamos sonhos, despertamos também o futuro.

(Foto registrada em um dos encontros Despertando Sonhos)

Escrito por Renato Muzzolon Junior.